Um grande casamento coletivo marcou a vida de 62 casais neste sábado pela
manhã, em Santa Luzia, na Grande BH. A cerimônia fez parte das atividades do
Programa Cidadania para Todos, que ainda beneficiou mais de 1 mil pessoas,
que aproveitaram o sábado ensolarado para deixar a documentação pessoal em
dia. Foram expedidas mais de 500 carteiras de identidade, 400 carteiras de
trabalho, 200 títulos de eleitores e 200 CPFs, em cinco horas de atividades.
De acordo com o idealizador do projeto, o jornalista Souza Ferreira, vários
moradores de áreas carentes da cidade não têm qualquer tipo de registro
civil e sua previsão foi confirmada pela presença de mais de 3 mil pessoas
na Praça Juventude procurando regularizar esse tipo de pendência.
Apesar de tantas opções de serviços, o que mais chamou a atenção durante o
evento foi o casamento coletivo. O carreteiro José Gomes, de 73, e a
vendedora Maria Eunice Alves de Souza, de 46, que moram juntos desde 1979,
decidiram oficializar a união ontem. Para eles, depois do nascimento dos
três filhos, esse é o momento mais importante da vida. “Com tantos anos
juntos não dá para negar que há muito amor entre nós. Agora, terei orgulho
de passar a assinar com o sobrenome de meu marido”, comemorou Maria Eunice,
dando um beijo em José Gomes, a quem ela chama carinhosamente de “Nego”. Um
dos filhos do casal, o barman André Luiz Gomes de Souza, de 21, também
aproveitou a oportunidade e se casou com a mãe de sua filha, a namorada
Núbia Martins, de 28.
CARTÓRIO ITINERANTE
Durante o evento, o Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de Minas Gerais
(Recivil) apresentou à população o Cartório Itinerante, que funciona dentro
de um ônibus. De acordo com a coordenadora de projetos sociais do Recivil,
Maria Cecília Duarte, mais de 13% dos mineiros não têm nenhum tipo de
registro e a maioria dessas pessoas está localizada em quilombolas,
comunidades indígenas e ciganas, além das zonas rurais. “Com o ônibus, elas
poderão ter a documentação em tempo real, como registro de nascimento,
segunda via da carteira de identidade, certidão de óbito e reconhecimento de
paternidade”, informa. A primeira região atendida pelo Cartório Itinerante
será o Vale do Jequitinhonha.
A empregada doméstica Iraci Junqueira dos Anjos, de 42, que perdeu a
carteira de identidade há 18 anos, usando durante todo esse tempo a carteira
de trabalho como identificação, aproveitou para tirar a segunda via. “Eu não
quis fazer a identidade por causa do preço. Como tudo aqui é de graça, eu
aproveitei”, contou. Ela também fez as unhas e cortou os cabelos do filho,
outras atividades gratuitas que fizeram parte do programa. “Todas essas
oportunidades têm que ser aproveitadas. Medirei a minha pressão e farei
testes de glicose para saber se está tudo em ordem”, acrescentou. Para o
secretário de ação social de Santa Luzia, Wellington Schettini, os R$ 20
cobrados para a emissão da segunda via do documento pesam no bolso das
pessoas carentes. “Com certeza é o serviço mais procurado e a vantagem é a
rapidez na emissão, pois tudo está no mesmo local”, disse.
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