Depois de longa polêmica, vereadores aprovaram projeto que prevê o
pagamento do imposto, mas com uma alíquota reduzida de 5% para 2%. Cobrança
renderá cerca de R$ 2 milhões à PBH
Juliana Cipriani
Os 31 cartórios de Belo Horizonte terão de pagar Imposto sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN) a partir do ano que vem, mas com uma alíquota
reduzida de 5% para 2%. Depois de muita polêmica, os vereadores aprovaram na
última sessão extraordinária do ano o projeto do Executivo que permitirá a
cobrança do tributo, que renderá cerca de R$ 2 milhões anuais aos cofres do
município. O texto precisa ser sancionado pelo prefeito Fernando Pimentel
(PT) até 31 de dezembro e entra em vigor três meses após sua publicação. Se
não for sancionado, ele só poderá entrar em vigor em 2010.
Os serviços notariais foram incluídos entre os passíveis de cobrança de
ISSQN por lei federal em 2003, quando Belo Horizonte regulamentou a
tributação em 5%. No entanto, a quantia nunca foi paga por força de liminar
obtida pelos cartórios em resposta a ações diretas de inconstitucionalidade
(Adin) no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Decisão recente do
Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, reconheceu a constitucionalidade
da cobrança de ISSQN dos cartórios, o que levou o município a editar nova
norma reduzindo o percentual aplicado.
No projeto, o Executivo exclui da base de cálculo a taxa de fiscalização
judiciária, que integra a receita do estado, e passa a aplicar a tarifa
mínima, praticada para todos os serviços públicos, alegando que os 5% seriam
repassados aos usuários dos cartórios. Um dos artigos do projeto, que gerou
dificuldade na aprovação da matéria, prevê que o governo municipal possa
renegociar o pagamento atrasado do tributo, caso a Justiça resolva conceder
retroatividade a 2003.
Para aprovar o projeto, o procurador do Município, Hércules Guerra,
compareceu ontem à sessão e esclareceu dúvidas dos vereadores. Alguns
entenderam que o projeto daria uma anistia aos cartórios. “Não existe
anistia porque não existia a cobrança, o município não podia cobrar nem
fiscalizar por causa das liminares”, afirmou. De acordo com ele, o município
entrará com ação rescisória para tentar obter o ISSQN retroativo a 2003
(desde o período em que as liminares impediram o pagamento).
BOLSO CHEIO Os vereadores fecharam a Legislatura votando outros dois
projetos: o que permite a expansão da Assembléia Legislativa com a alteração
urbana na área do seu estacionamento e o que institui o sistema de
bilhetagem eletrônica nos ônibus da capital.
Os parlamentares entram de recesso de bolso cheio. Com a decisão do STF, de
tornar sem efeito a liminar do TJMG que barrou o pagamento do 13% salário
aos vereadores, o benefício será quitado esta semana. De acordo com o
presidente Totó Teixeira (PR), a previsão do pagamento está sendo feita pela
assessoria técnica da Casa. “Acredito que dentro de um dois dias a gente
paga”, disse, reforçando que não se trata de 13º, mas de mais uma das
parcelas do subsídio dos vereadores que coincidentemente é paga no fim do
ano.
Não existe anistia porque não existia a cobrança, o município não podia
cobrar nem fiscalizar por causa das liminares
Hércules Guerra,
procurador do Município
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