BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal (CEF) vai reduzir as exigências
para financiar a construção de moradias populares. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva determinou à Caixa que estude a possibilidade de aceitar
declaração de propriedade do terreno fornecida por Estados ou municípios
para o financiamento habitacional. No diagnóstico do governo, os problemas
com a falta de escritura, nos casos de áreas em fase de regularização, têm
emperrado a concessão de empréstimos à população de baixa renda.
A chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi escalada por Lula, na
sexta-feira, para apresentar os principais pontos do programa de habitação
popular - que será lançado em março - na reunião com os ministros da área
social, no Palácio do Planalto. Um dia antes, Dilma e o próprio presidente
pediram a governadores de vários Estados que identificassem terrenos em
locais com infraestrutura para a construção de casas populares.
Lula solicitou que as áreas listadas tenham condições de moradia. Mais:
insistiu em que não quer "jogar" as pessoas em locais isolados, sem nada por
perto."O governo está chamando equipes de diversos Estados para fazer a
checagem dos terrenos públicos", afirmou o governador do Piauí, Wellington
Dias. "Agora, a Caixa deverá aceitar declaração de titularidade de um ente
público para ampliar o empréstimo destinado à construção de moradias
populares. Vai melhorar muito porque antes o sujeito tinha de comprovar o
registro da área para obter o financiamento."
Dias esclareceu, no entanto, que o governo não está legalizando invasões. "A
ideia é encontrar uma forma de redução do valor dos imóveis e das
prestações", argumentou.
Cinco governadores do Norte e do Nordeste já concordaram em abrir mão da
receita do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
cobrado do material de construção, para tornar o programa viável. Além de
Wellington Dias, endossaram a proposta os governadores Jaques Wagner
(Bahia), Eduardo Campos (Pernambuco), Marcelo Déda (Sergipe) e Eduardo Braga
(Amazonas).
Lula está convencido de que, para reduzir as prestações, é preciso desonerar
tributos e diminuir o spread bancário - a diferença entre os juros que a
instituição financeira paga para ter o dinheiro e a taxa cobrada do cliente
na hora do empréstimo. O governo ainda faz contas para definir qual será o
corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do material de
construção, que pode gerar uma renúncia fiscal na casa de R$ 1 bilhão.
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