Tramita na Câmara o Projeto de Lei 1867/07, do deputado Giovanni Queiroz
(PDT-PA), que fixa 31 de dezembro de 2008 como início do prazo para a
apresentação obrigatória pelos proprietários rurais das coordenadas
geométricas referenciadas de seus imóveis para poder certificá-los no
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O projeto
altera a Lei de Registros Públicos de Imóveis Rurais (Lei 6.015/73), que não
especifica datas, apenas faz referência a "prazos fixados por ato do Poder
Executivo".
O deputado explica que o objetivo é dar mais tempo ao Incra para implantar
os programas de automação dos processos de georreferenciamento, "reduzindo a
subjetividade e os custos dos serviços". Segundo Giovanni Queiroz, a demora
na certificação dos imóveis pelo Incra tem causado "danos irreparáveis" aos
que necessitam do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) para obter
financiamento, além de paralisar o mercado imobiliário e atrapalhar as
negociações que envolvem a venda de
créditos de carbono por empresas de
reflorestamento.
Sistema geodésico
A identificação dos imóveis rurais por meio de informações geométricas
referenciadas, com base em medições geodésicas, foi introduzida em 2001 pela
Lei 10.267, que alterou a Lei de Registros Públicos de Imóveis Rurais. Esta
nova lei tornou obrigatória, nos casos de transferência, desmembramento e
parcelamento, a identificação da propriedade rural por meio de memorial
descritivo contendo as coordenadas dos vértices definidores dos seus
limites. O memorial precisa ser assinado por profissional habilitado, com a
devida anotação de responsabilidade técnica.
Além disso, a Lei 10.267/01 criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR),
alicerçado nas informações da identificação do imóvel rural, com suas
características e confrontações, localização e área exata, obtidas a partir
da planta georreferenciada. Esse novo sistema de identificação do imóvel
rural tornou possível o intercâmbio entre o registro e a planta cadastral.
Problemas
Giovanni Queiroz reconhece que a integração entre registro e cadastro
representa um avanço histórico para o registro imobiliário brasileiro,
imprescindível para a organização territorial do País. Todavia, ele diz que
há uma série de problemas que dificultam a adoção das alterações produzidas
pela lei.
Esses problemas, segundo o deputado, têm origem na infra-estrutura geodésica
ainda deficitária, em especial no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. O
custo dos serviços de levantamento geodésico e dos equipamentos é elevado. O
número de profissionais habilitados, credenciados junto ao Incra, é
insuficiente. Há muitas dificuldades também para a obtenção da carta de
anuência dos confrontantes (os imóveis limítrofes).
O problema mais grave,porém, segundo Queiroz, é a incapacidade gerencial do
Incra para analisar e aprovar as plantas e os memoriais descritivos
georrefenciados, situação especialmente caótica na Amazônia Legal. "Falta
pessoal, os salários são baixos e a infra-estrutura do instituto é
precária", explica o deputado.
Sem financiamento
Queiroz lamenta que muitos bancos - em sua opinião de forma equivocada -,
estejam exigindo a identificação georreferenciada do imóvel por ocasião da
averbação de cédulas hipotecárias, impedindo assim a obtenção de
financiamentos pelos proprietários que ainda não possuem a certificação.
"Esse quadro alarmante tem trazido prejuízos à sociedade, em especial aos
proprietários rurais, em função da paralisação do mercado imobiliário, pelas
dificuldades de transferência da titularidade, desmembramento, parcelamento
ou remembramento", protesta o deputado.
Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania.
Íntegra da proposta:
PL-1867/2007
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