Os cartórios de notas e
registros podem passar por uma reformulação que há décadas não se via no
Poder Judiciário em Pernambuco. A proposta, apresentada pela
Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ) e publicada no Diário Oficial prevê a
redução de 43% dos tabelionatos no território pernambucano, a maioria
localizados em municípios do Sertão e do Agreste - de 499 para 284
cartórios.
O órgão corregedor alega que a reorganização é necessária em virtude da
"incapacidade econômica" de alguns municípios em prestar serviços desse tipo
à população, principalmente os de
registro civil, que são deficitários e têm pouca demanda. Nesses
casos, a saída que a Justiça está propondo é anexar a expedição dos
registros civis aos
cartórios
de
registro de imóveis. Mas as mudanças nas serventias extrajudiciais
não refletem apenas a maré ruim. Se aprovada, a resolução também
estabelecerá a criação de novos
cartórios
no Recife e também em Ipojuca (Litoral Sul) em função do desenvolvimento de
Suape.
O projeto foi encaminhado para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE),
onde será apreciado em uma comissão formada por uma corte especial de três
desembargadores. Se obtiver parecer favorável, a proposta vai a plenário e
pode virar resolução. No prazo de 30 dias, a reforma já pode entrar em
vigor, estima o corregedor-geral de Justiça, José Fernandes de Lemos, autor
do documento. "O objetivo é tornar o serviço mais eficiente e melhorar a
qualidade para o usuário do sistema", justificou.
Segundo Lemos, os
cartórios
que serão fechados funcionam sob situação extremamente precária, com
dificuldade financeira para pagar aluguel das salas. "Alguns candidatos
aprovados em concurso também não aceitaram trabalhar nesses locais. Além
disso, a rentabilidade é muito baixa", avaliou. Ele esclarece, no entanto,
que nenhum município ficará desprovido de serviços de tabelionato após a
reforma.
Para definir os locais que teriam a estrutura de serviços extrajudiciais
enxugada, a CGJ fez um levantamento sócioeconômico dascidades pernambucanas,
considerando itens como renda per capita, arrecadação tributária e produto
interno bruto (PIB). Com esses dados, o órgão delineou três perfis de
municípios: os de baixa receita (até R$ 370 mil anuais), média (até R$ 2
milhões) e alta (acima de R$ 2 milhões). O lastro serviu para a Corregedoria
fazer a redução do número de
cartórios
deficitários. Entre os municípios do primeiro grupo, estão, por exemplo,
Agrestina, Brejo da Madre de Deus e Escada.
Expansão - Já no Grande Recife, o cenário é de expansão. O
Recife passará a contar com quatro
cartórios de protestos (cuja função é de intimar a cobrança
de títulos vencidos, como cheques e notas promissórias), além dos dois já
existentes (1º e 2º Ofícios). Ipojuca terá quatro
cartórios, dois de imóveis e dois de notas e
protestos.
A proposta da Corregedoria dividiu opiniões dos usuários. "Para mim, não faz
diferença ter mais
cartórios
de protesto de títulos. Está bom como está", disse o aposentado Fernando
Madeiro, 58 anos. O diretor de empresa Nelson Leocádio da Silva, 68 anos,
acha que, em vez de mudar o número de
cartórios, a prioridade seria melhorar o serviço. "Aqui no
1º Ofício não é informatizado. Demora um dia para sair um título", afirmou.
Fonte:Diário de Pernambuco Online - PE
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