O Estado do Pará deverá criar um fundo para subsidiar a modernização dos
cartórios e garantir a continuidade de ações que confiram mais segurança ao
registro de imóveis rurais e urbanos. A proposta de criação foi apresentada
pelo comitê executivo do Fórum de Assuntos Fundiários, do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), e aprovada pelos cartórios do noroeste e oeste daquele
Estado, em eventos recentes que discutiram o tema. Atualmente, as equipes do
CNJ e do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) elaboram proposta de Projeto de
Lei para instituição do referido fundo – a ser enviado para a Assembleia
Legislativa paraense.
Apesar de não ter sido definida a forma de contribuição, a ideia é recolher
um percentual sobre os ganhos dos cartórios que será aplicado, por exemplo,
na capacitação dos profissionais da área e no custeio do Centro de
Preservação e Restauração (CPeR) de documentos notariais, que está sendo
criado em Belém. Cartórios pequenos também deverão receber parte do dinheiro
do fundo, a ser destinado à manutenção e aperfeiçoamento das suas atividades
com o objetivo de aprimorar o serviço prestado. Assim, o fundo serviria como
uma ferramenta de compensação para os cartórios deficitários.
Modernização - Com essa iniciativa, o CNJ busca alternativas para
garantir o financiamento e a continuidade das ações que estão em andamento
com o intuito de modernizar os cartórios da Região Norte do país. O Programa
de Modernização dos Cartórios de Registro de Imóveis da Amazônia Legal foi
estabelecido por um termo de cooperação técnica entre o CNJ e o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Prevê a transferência de
R$ 10 milhões ao Conselho, para a modernização das serventias extrajudiciais
da Região Norte.
“O projeto de modernização dos cartórios é de longo prazo e temos que
garantir a continuidade de ações permanentes como educação e preservação dos
documentos. Por isso, o comitê está fomentando a institucionalização dos
projetos e a sua viabilidade econômica. As mudanças que estão em curso devem
continuar, independentemente dos gestores atuais”, explicou o juiz Marcelo
Berthe, integrante do comitê executivo do Fórum de Assuntos Fundiários do
CNJ.
Grupo - Ele lembrou que a primeira iniciativa para institucionalizar
o projeto de modernização dos cartórios foi a criação do Grupo Executivo de
Apoio às Atividades Registrais e Notariais (GC-9), formado pelo CNJ e nove
corregedorias-gerais dos Estados da Amazônia Legal.
Sobre possíveis resistências dos grandes cartórios em repassar recursos para
o fundo, Marcelo Berthe disse que eles compreenderam que é mais barato
contribuir com esse mecanismo para garantir as atividades em curso. “Os
cartórios receberam investimentos em capacitação e informática, mas é
preciso garantir a manutenção desses avanços. Assim, é mais barato
compartilhar custos e contribuir para o funcionamento de um sistema de
registro seguro do que arcar com tudo sozinho”, explicou.
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