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Waldineia Ladislau
Sem dúvida a medida leva a desburocratização, o que facilita a vida do
cidadão. O pensamento é quase unanimidade, mas como alerta Antônio do Prado,
do cartório mais antigo e tradicional de Goiânia que leva o mesmo nome, o
fim do reconhecimento de firma pode ser perigoso. Mesma opinião é defendida
pela Associação dos Notários e Registradores do Estado do Rio de Janeiro(Anoreg-RJ).
O governo federal prepara um pacote contra a burocracia, que envolve, entre
outros pontos, o fim da exigência de documentos e informações que já sejam
de conhecimento da administração pública. Acaba também com a exigência de
reconhecimento de firma quando o documento for assinado na frente do
servidor público
Sem conhecer na íntegra a proposta do governo federal, Antônio do Prado
lembra que, se for dispensado o reconhecimento de firma e autenticação em
qualquer documento produzido no Brasil, como se noticiou inicialmente, a
medida vai gerar desemprego em praticamente todos os cartórios do País.
No cartório Antônio do Prado, lembra seu titular, são 11 funcionários que
trabalham exclusivamente com o reconhecimento de firmas e autenticações. Em
dezembro último, conta, foram 10.870 assinaturas conferidas e 12.733
documentos autenticados. Como estes serviços, em geral, não custam menos de
2 reais, isto quer dizer que se as autenticações e reconhecimentos de firma
deixarem de ser obrigatórias em todos os atos, um cartório com o movimento
grande como o de Campinas (Antônio do Prado), vai deixar de receber cerca de
R$ 50 mil por mês.
A diminuição do número de funcionários que fazem estes serviços específicos,
salientou Prado, vai depender do quanto será reduzido o serviço. Mas o
problema não é só o desemprego, reforça, mas o risco de que pessoas de má-fé
prejudiquem pessoas de bem. Com a exigência de se conferir a assinatura, é
comum, explicou, surgirem casos de falsificação de identidade. “Quanto mais
se não houver nenhuma fiscalização”, raciocina.
A Anoreg-RJ considera benéficas para a população medidas que simplifiquem e
agilizem os procedimentos no setor público, principalmente a desobrigação do
reconhecimento de firma e da autenticação de documentos na administração
federal, como consta de projeto anunciado.
Entretanto, o presidente da entidade, Alan Borges, esclarece que estes
serviços prestados pelos cartórios extrajudiciais à população são
facultativos. “No Brasil e em qualquer outro lugar do mundo, estes serviços
constituem um direito do cidadão de se proteger de falsificações e outras
fraudes.” Lembra ainda que “os serviços são uma ferramenta de segurança para
transações comerciais, negócios imobiliários e operações econômicas em
geral”.
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