A corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, acertou na última
segunda-feira (08/08) com a presidente do Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia (TJBA), desembargadora Telma Brito, a formação de uma comissão para
preparar o concurso público para titulares dos cartórios extrajudiciais
naquele estado. Conforme informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
existem atualmente 925 cartórios vagos na Bahia.
Na próxima terça-feira (16/08), o grupo, integrado também pelas
corregedorias de justiça do estado, reúne-se para verificar o número correto
de cargos vagos. É que a quantiade de cartórios vagos, pelas contas do
Tribunal de Justiça, é menor do que o do CNJ. Ricardo Chimenti, juiz
auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça, lembrou que o CNJ determinou
em 2008 a realização de concursos públicos para os cartórios vagos, dentro
do que estabelece a Constituição (o artigo 32 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias determina a realização de concurso assim que
houver vacância na titularidade dos cartórios).
Deputados – Por conta disso, deputados estaduais da Bahia, preocupados com a
situação problemática dos cartórios extrajudiciais do estado, reuniram-se
com a corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon na última
segunda-feira em busca de alguma solução. A Bahia é a única unidade da
federação onde os cartórios são estatizados, mas funcionam precariamente. Em
janeiro de 2010, a Corregedoria Nacional de Justiça declarou a vacância de
925 cartórios da Bahia – e cerca de 7 mil em todo o país - cujos titulares
foram nomeados em desacordo com a Constituição Federal de 1988.
Os parlamentares estudam a possibilidade de aprovar projeto de lei, de
iniciativa do Tribunal de Justiça da Bahia, criando um fundo de compensação
para manter os cartórios com faturamento insuficiente. “Existe uma
expectativa grande da população baiana que está sofrendo muito com os
cartórios oficiais”, afirmou a ministra Eliana Calmon.
Segundo a corregedora, os serviços estão sucateados, faltam servidores e os
livros de registros estão caindo aos pedaços. “Em Feira de Santana, as
pessoas passam a noite na fila do cartório”, contou o deputado José Neto
(PT). A ministra disse que chegou a um cartório, em Salvador, às 7 horas da
manhã e pegou uma ficha para ser atendida. Uma hora depois, já não tinha
mais ficha para ser distribuída.
Na conversa com os deputados, a corregedora alertou que só é possível a
privatização dos 925 cartórios vagos porque a Constituição garante o direito
dos que fizeram concurso e estão à frente de outros 700 cartórios. “As
orientações foram fundamentais para amadurecer a proposta e aperfeiçoar o
projeto de lei”, afirmou o deputado José Raimundo (PT).
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