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Comissão de Direitos Humanos e Minorias promove hoje audiência pública para
discutir a propriedade das terras ocupadas por comunidades quilombolas.
Entre outros assuntos, será discutido na reunião o cumprimento do Decreto
4.887/03, que regulamenta o reconhecimento, a demarcação e a titulação
dessas terras, conforme previsto no Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias. O decreto reconhece às pessoas que se declararem remanescentes
dos quilombos o direito à propriedade dos locais tradicionalmente ocupados.
"O cumprimento dessas medidas de justiça social não tem ocorrido na forma
nem no tempo imaginado pelos constituintes de 1988. Os conflitos que vêm
ocorrendo em todo o País para a efetivação do decreto corroboram a
necessidade da audiência", afirma a deputada Iriny Lopes (PT-ES), que
sugeriu o debate.
Por outro lado, tramita na Câmara o Projeto de Decreto Legislativo 44/07, do
deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), que suspende a norma de 2003. Colatto
argumenta que o Decreto 4887/03 é inconstitucional e ultrapassa os poderes
do presidente da República. "A competência para expedir decretos e
regulamentos não pode ser compreendida como competência para complementar a
Constituição Federal, muito menos para inovar no campo legislativo, com a
criação de direito novo com a imposição de ônus aos particulares [no caso, o
direito à propriedade da terra]", afirma o parlamentar.
O projeto de Colatto está em análise na Comissão de Direitos Humanos e tem
como relatora a deputada Iriny Lopes.
Convidados
Deverão discutir o assunto:
- o antropólogo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Alfredo Wagner;
- o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo;
- a coordenadora da 6ª Câmara da Procuradoria Geral da República, Déborah
Duprat;
- o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra), Rolf Hackbart;
- a representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades
Negras Quilombolas Clédis Rezende de Souza;
- o presidente da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Leôncio de Souza Brito Filho.
A audiência está marcada para as 14 horas, no plenário 11. |