Ser cidadão é ter participação efetiva em uma democracia. É ter direitos
civis, políticos e sociais que estimulem uma vivência consciente e
responsável do indivíduo em sociedade. E o primeiro passo para que alguém
possa exercer sua cidadania é a conquista da certidão de nascimento. Pode
parecer óbvio, mas milhares de brasileiros ainda não conquistaram o
documento. Sem a certidão, não é possível nem mesmo tirar os demais
documentos de que se precisa ao longo da vida. Não é possível exercer
direitos, como votar. Não é possível ter acesso aos programas sociais do
governo. Enfim, é ser condenado a uma vida paralela e incompleta.
Num país em que as profundas desigualdades sociais ainda são um dos maiores
desafios a serem enfrentados, a conquista da cidadania plena para boa parte
dos brasileiros ainda é um dos nossos maiores problemas políticos. E precisa
ser, assim, uma das maiores preocupações do Congresso. É nesse sentido que
entre as categorias imaginadas para a edição 2012 do Prêmio Congresso em
Foco estará, pela segunda vez, a da “Defesa da Segurança Jurídica e da
Cidadania”. E, como no ano passado, ela será apoiada pela Associação
Nacional dos Registradores de Pessoas (ArpenBrasil) e pela Associação dos
Notários e Registradores do Brasil (Anoreg). Esta será a sétima edição
consecutiva do evento.
A ArpenBrasil e a Anoreg reúnem os cartórios e demais instituições de
registro civil do país. São as certidões emitidas pelos cartórios que
garantem o que se chama de “segurança jurídica”, ou seja, a garantia dada
aos cidadãos de que o que está estabelecido em lei será de fato cumprido
pelo Estado e pelas demais pessoas. E quem atesta a legalidade e a validade
de tais documentos são os cartórios, que têm a autoridade legal para expedir
os registros e documentos exigidos pela Justiça para atestar coisas como a
veracidade de assinaturas, o não impedimento de transações comercias, etc.
“O exercício da cidadania começa justamente a partir do momento em que a
pessoa torna-se cidadã, ou seja, quando ela tem seus documentos
regularizados e pode, com eles, participar da vida em sociedade. Uma pessoa
sem certidão de nascimento, por exemplo, não é ninguém. Ela não pode exigir
seus direitos”, explica Paulo Risso, presidente da Associação Nacional dos
Registradores de Pessoas (ArpenBrasil).
Para o presidente da Anoreg, Rogério Bacellar, a compreensão exata de como
os cartórios se inserem no exercício pleno da cidadania é algo que nem
sempre é percebida, mesmo no Congresso Nacional. Prevalece, às vezes, a
sensação de que os cartórios são apenas uma instituição a mais a aumentar a
burocracia. Na avaliação dos presidentes da Arpen e da Anoreg, a adesão ao
Prêmio Congresso em Foco ajuda a desfazer essa impressão. “Tivemos bons
resultados no ano passado quando estreamos no prêmio. O Congresso Nacional
precisa conhecer melhor nosso trabalho, pois o registro civil está
diretamente relacionado à segurança jurídica e à cidadania. O registrador dá
segurança ao principais atos da vida, como o registro de nascimento, de
casamento e de óbito, por exemplo”, explica Paulo Risso.
Para ele, a população, no entanto, tem uma percepção equivocada sobre o
trabalho notarial. “Temos credibilidade no serviço, mas as pessoas tendem a
ligá-lo a dinheiro. E não é bem assim. Temos diversos cartórios pelo país
que precisam receber ajuda de custo para continuarem funcionando. Prestamos
um serviço essencial para os cidadãos, mas às vezes, somos mal vistos”,
explicou ao Congresso em Foco.
Segundo o presidente da Arpen, o prêmio ajuda a levar ao conhecimento dos
parlamentares as demandas dos cartórios de todo o país. “Poucas pessoas
conhecem a atividade notarial, inclusive os parlamentares. Por isso é muito
importante nos aproximarmos deles, de levar nossas demandas e nossos
resultados, pois afinal, são eles que legislam a nosso favor ou contra nós.
Por isso, os parlamentares precisam conhecer nosso dia a dia, nossas lutas e
dificuldades. O prêmio baliza essa troca de experiências entre o Congresso e
a sociedade”, explica Risso.
Troca
Na avaliação do presidente da Anoreg, Rogério Bacellar, o prêmio permite
ainda uma troca entre as categorias e os parlamentares. “Ao participar como
parceiros, conquistamos visibilidade diante de um público que é muito
importante para a contínua melhoria dos nossos serviços, e ainda conseguimos
mostrar que procuramos atuar junto às autoridades competentes sempre visando
o bem da população”, explica.
No ano passado, o vencedor da categoria foi o deputado Alessandro Molon
(PT-RJ). No entanto, para Risso, ainda não há favoritos para este ano. O
notário espera ver as próximas votações do Congresso para acompanhar quem se
destaca no setor.
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