Com a presença dos principais ministérios
do Governo Federal, a Arpen Brasil, representada por seu presidente,
José Emygdio de Carvalho Filho, esteve participando na última
sexta-feira (01.12), da oficina de trabalho "Direito a uma Identidade",
que contou com a participação de representantes do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID), com o objetivo de estudar o financiamento para
a informatização dos cartórios do Registro Civil, auxiliando o Governo
Federal no combate ao sub-registro no Brasil.
"Achei uma ótima oportunidade que pudemos ter para mostrarmos aos
organismos internacionais a real situação dos cartórios no País, suas
dificuldades com a não implantação de mecanismos de ressarcimento, que
impossibilitam um aparelhamento mais eficaz de algumas unidades", diz o
presidente da Arpen Brasil. "E para todos ficou bem claro que onde o
registro civil funciona de forma adequada, com a existência de
ressarcimento à gratuidade, o combate ao sub-registro é eficaz",
enfatizou.
Para a especialista em Desenvolvimento Social do BID, a norueguesa Mia
Harbitz, a realização da Oficina de Trabalho foi extremamente
proveitosa, já que retratou de maneira objetiva a importância do tema e
a real situação de seus participantes. "Saio daqui muito satisfeita com
o que foi apresentado. A apresentação dos cartórios foi muito
esclarecedora e objetiva. Fiquei impressionada e agora levarei ao BID,
que neste projeto utilizará recursos da Noruega, o que vi aqui para
termos um posicionamento", afirmou.
Participaram ainda da oficina de trabalho representantes dos ministérios
da Justiça, da Previdência Social, Direitos Humanos, Saúde e
Planejamento, Orçamento e Gestão, todos interessados em aperfeiçoar o
sistema de informações prestadas pelos cartórios ao Poder Público e no
combate ao sub-registro. "O tema do combate ao sub-registro é primordial
para a Presidência da República e a modernização das informações é
requisitada por diversos órgãos governamentais", enfatizou o secretário
executivo da Secretaria de Direitos Humanos, Rogério Sottili.
"A parceria com o BID e com as entidades privadas é essencial para que
consigamos cada vez mais trabalhar no sentido de erradicar as mazelas
provocadas pela falta do registro de nascimento", afirmou o
sub-secretário Perly Cipriano. "Estamos reduzindo significativamente os
índices de sub-registro no País e a colaboração do BID será extremamente
benéfica no sentido de propiciar a informatização dos cartórios em
regiões onde não existe sustentabilidade", disse a coordenadora do plano
nacional pelo registro de nascimento, Leila Leonardos.
O evento realizado na sede do Ministério da Justiça, em Brasília, contou
ainda com a presença de diversas organizações não-governamentais e
vinculadas aos Direitos Humanos, como o Unicef, a inglesa Department for
International Development (DFID), Organização dos Estados Americanos
(OEA) e Human Rights. Participaram ainda das discussões representantes
do IBGE e da OPAS. "Para nós é um conhecimento muito grande e
importante, pois pudemos ter noção das diversas realidades deste
continente chamado Brasil", afirmou Miranda Munro, diretora do DFID para
o Brasil.
Oficina
O encontro foi aberto por uma exposição do BID, realizada pela
especialista em Desenvolvimento Social, Mia Harbitz, após breve saudação
do sub-secretário de Direitos Humanos, Perly Cipriano. A representante
do BID relatou que a entidade dará prioridade a projetos que promovam a
inclusão social e afirmou que há 13 anos o BID iniciou estudos sobre os
prejuízos pela ausência do registro de nascimento na América Latina,
sendo que 14% dos nascidos vivos nesta região não são registrados.
Apresentou ainda gráfico comparativo entre os países da região,
Colômbia, Chile, Honduras, Nicarágua e Peru e reforçou a busca do
organismo por projetos de inclusão.
Em seguida foi apresentado um estudo intitulado "O impacto do
Sub-registro de nascimento", feita pelos especialistas contratados pelo
BID, Laura Wong e Cássio Turra. No estudo, os demógrafos relataram a
maior abrangência da rede pública escolar e de saúde, os impactos do
bolsa família e a evolução do registro de nascimento no Brasil e
concluíram. "A gratuidade no Brasil prejudicou demais os cartórios de
pequenos municípios que fecharam suas portas, sendo que isso não
implicou no aumento do número de crianças registradas".
Estima-se que cerca de 400 municípios brasileiros não contam com
cartórios de Registro Civil das Pessoas Naturais, principalmente em
regiões do Norte e Nordeste onde os índices de não registros são mais
significativos. Outro dado significativo apresentado é que em um cenário
de diminuição da natalidade, houve aumento da cobertura do registro de
nascimento, hoje em 97% e diminuição do sub-registro.
"A importância de um sistema de registro de qualidade" foi a palestra
seguinte apresentada pela especialista do Ministério do Planejamento,
Nazaré Lopes Bretãs, que tratou sobre a necessidade do Governo Federal
em obter uma melhora no sistema de informações, para realizar um
planejamento social mais adequado e implantar definitivamente o Governo
Eletrônico, que depende de informações exatas e em segurança.
Leila Leonardos apresentou o painel após o almoço relatando as
experiências no combate ao sub-registro no País, seguida pelo presidente
da Arpen-Brasil, José Emygdio de Carvalho Filho, que falou sobre a real
situação dos cartórios, a relação entre mecanismos de sustentabilidade e
o combate ao sub-registro, ao programa bolsa família e a informatização
dos cartórios.
Por fim, a diretora da Escola Nacional de Registro do Estado Civil e
Identificação do Peru (Enreci), Frieda Roxana Del Aguila Tuesta, falou a
respeito da experiência da escola na educação e capacitação dos
registradores civis no Peru, o funcionamento da atividade de registro
naquele País e aperfeiçoamentos que foram implementados nos últimos anos
para a realização do registro civil da população peruana. |