Estrangeiros podem ter novos limites para a
posse e propriedade de terras na Amazônia e nas faixas de fronteira nas
regiões Norte e Nordeste. Proposta nesse sentido foi aprovada pela Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira (7).
O projeto (PLC
302/09) proíbe a posse, a propriedade ou qualquer direito real sobre
imóvel rural com área superior a 15 módulos fiscais (1.500 hectares) para as
pessoas físicas residentes ou domiciliadas no país há menos de dez anos e as
pessoas jurídicas domiciliadas ou instaladas no país há menos de dez anos.
Durante a discussão, o relator na CCJ, senador Antônio Carlos Junior (DEM-BA),
explicou que o tamanho de um módulo fiscal varia de 10 a 100 hectares,
dependendo da região. Na Amazônia, segundo afirmou, cada módulo tem 100
hectares.
O projeto, de autoria do deputados Nilson Mourão (PT-AC) e do então deputado
José Dirceu, permite, no entanto, que os proprietários desses imóveis possam
expandir essas áreas, depois de dez anos de residência ou domicílio, desde
que o imóvel original esteja cumprindo sua função social, conforme laudo
emitido pelo órgão fundiário federal, após oitiva do Conselho de Defesa
Nacional.
Fronteira
O texto proíbe ainda a posse, a propriedade ou qualquer direito real sobre
imóvel rural em toda a faixa de fronteira com os países limítrofes às
regiões Norte e Centro-Oeste às pessoas físicas e jurídicas estrangeiras com
menos de dez anos no país.
Em seu relatório favorável, Antonio Carlos Junior afirmou que é necessário
um maior rigor legislativo no controle da posse e propriedade de imóveis
rurais, principalmente diante das inúmeras denúncias de abusos na ocupação
fundiária do território da Amazônia Legal e das faixas de fronteira por
parte de estrangeiros.
- Eles se aproveitam da permissividade da atual disciplina legal sobre o
tema para concentrar em suas mãos gigantescas glebas de terra, muitas vezes
pirateando impunemente e biodiversidade do nosso país - afirmou o relator.
Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Serys
Slhessarenko (PT-MT) elogiaram o projeto. Para Serys, o projeto é da maior
relevância, pois deixa claro que "nós estamos com os cuidados devidos e
necessários para a proteção da nossa Amazônia". Já Simon criticou o grande
número de terras brasileiras vendidas a estrangeiros.
O projeto será ainda apreciado pelas comissões de Agricultura e Reforma
Agrária (CRA) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), esta última
em decisão terminativa.
Desaparecimento
A CCJ também aprovou nesta quarta a realização de audiência pública para que
autoridades brasileiras possam prestar esclarecimentos e informações sobre
as ações que estão sendo adotadas quanto ao desaparecimento de seis jovens
em Luziânia (GO), no período de 30 de dezembro de 2009 a 22 de janeiro deste
ano. Entre os convidados está o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto.
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