Com a unanimidade de 49 votos, o Plenário do Senado aprovou nesta
quarta-feira (3), com emendas, o projeto de lei da Câmara que institui a
figura do microempreendedor individual (MEI), o que poderá favorecer pessoas
que atualmente trabalham no mercado informal (sem carteira assinada ou outro
registro de trabalho), com rendimento anual de até R$ 36 mil. A proposta (PLC
128/08 - Complementar), que teve como relator o senador Adelmir Santana (DEM-DF),
retorna para análise da Câmara.
De autoria do deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), o
projeto PLP 02/07 - Complementar, na Casa de origem) altera dispositivos da
Lei Complementar 123/06, que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e
da Empresa de Pequeno Porte; da Lei 8.212/91, que dispõe sobre a organização
da Seguridade Social; e da Lei 8.213/91, que dispõe sobre os planos de
benefícios da Previdência Social.
O projeto considera microempreendedor individual (MEI) o empresário
individual que tenha auferido receita bruta, no ano calendário anterior, de
até R$ 36 mil, e seja optante do Simples Nacional. Esse empresário poderá
optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples
Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta
auferida por mês.
Também estabelece que esses empreendedores devem fazer a comprovação da
receita bruta mediante apresentação do registro de vendas ou de prestação de
serviços, ficando dispensados da emissão do documento fiscal. Eles também
terão direito à aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) pagando 11% sobre o valor do salário mínimo, o equivalente a R$ 45,65
por mês, e poderão ter um único empregado que receba um salário mínimo (R$
415).
Em audiência no último dia 25, o ministro da Previdência Social, José
Pimentel, defendeu a aprovação da matéria junto ao presidente do Senado,
Garibaldi Alves Filho. Segundo ele, o projeto deverá beneficiar cerca de 10
milhões de pessoas no país que atualmente vivem na informalidade, tais como
ambulantes, costureiras, pipoqueiros, donos de bares, artesãos e manicures,
entre outras ocupações.
Para Pimentel, a formalização será boa para esses trabalhadores, que
passarão a usufruir imediatamente dos benefícios previdenciários, e também
para a Previdência Social, que aumentará sua arrecadação. Técnicos do setor
avaliam que, em um primeiro momento, a medida deverá contribuir para a
formalização de, pelo menos, 30% desses negócios, provocando grandes
mudanças no mercado informal.
A proposição permite ainda o direito ao crédito correspondente ao ICMS para
empresas não-optantes do Simples Nacional. Esse crédito deverá ser concedido
no ato da obtenção de produtos fornecidos por empresas de pequeno porte que
fazem parte do Supersimples, com a obrigatoriedade de as mercadorias obtidas
serem destinadas à comercialização ou industrialização.
Outra medida prevista no projeto é a permissão para microempresas e empresas
de pequeno porte optantes do Simples Nacional realizarem negócios de compra
e venda de bens para os mercados nacional e internacional, por meio de
sociedade de propósito específico nos termos e condições estabelecidos pelo
Executivo federal.
Ao alterar a Lei Complementar 123/06, o projeto aumenta o número de
participantes do Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério
da Fazenda, que passa a ser composto por quatro representantes da Secretaria
da Receita Federal do Brasil, dois representantes dos estados e do Distrito
Federal e dois dos municípios. Esse comitê é responsável pelos assuntos
tributários dessa legislação.
Discussão
No início da discussão da proposta, Adelmir Santana destacou o apoio
recebido pelo projeto de todas as lideranças partidárias e a participação da
Secretaria da Receita Federal do Brasil.
- O projeto significará uma revolução na inclusão social daqueles
microempresários que hoje se encontram na informalidade. O projeto é
consenso de todos nós e beneficiará todo o país - afirmou.
Já o senador José Agripino (DEM-RN) disse que a proposta talvez represente o
maior projeto de inclusão sustentável do país, sem a previsão de nenhuma
ação paternalista, mas abrindo a oportunidade para a consolidação dos
negócios dos microempreendedores.
- Só em São Paulo, serão três milhões de beneficiários - afirmou.
Para a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o projeto representa o complemento
de uma futura reforma tributária a ser adotada pelo país.
- Ganham o micro e o pequeno empresário, que agora vai ser reconhecido, a
Previdência, a redução da carga tributaria e a inclusão social - afirmou.
A senadora explicou ainda que resolveu retirar emenda que havia apresentado
à proposta, transformando o seu conteúdo em um novo projeto de lei (PLS
467/08) que acrescenta outras atividades de prestação de serviços às já
passíveis de opção pelo Simples Nacional. A proposição de Ideli será
encaminhada à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), presidida pelo senador
Aloizio Mercadante (PT-SP).
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