Mantega afirma que contingenciamento será feito de forma a garantir
cumprimento de meta cheia do superávit
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o Brasil manterá o
desenvolvimento sustentável da economia nos próximos anos. Os aspectos
estratégicos para que o País permaneça com esse desempenho envolvem
manutenção de taxas crescimento do PIB elevadas, distribuição de renda e
redução das desigualdades sociais.
“Constatamos que hoje a população brasileira dispõe de bens de consumo
durável e serviços, acesso à alimentação, turismo e melhores condições de
vida. Estamos diminuindo os segmentos com menor renda, com extinção da
classe E, e expandindo a classe média”.
Segundo Mantega, o Brasil está também reduzindo as desigualdades regionais e
garantindo sua inserção no mercado internacional, figurando entre as
economias mais dinâmicas do mundo.
O ministro fez as declarações no início da noite desta segunda-feira, ao
final da primeira reunião ministerial do ano, no Palácio do Planalto.
Segundo relato de Mantega, os ministros fizeram uma avaliação do desempenho
do País ano de 2011 e discutiram as ações a serem implementadas pelo governo
para consolidar o desenvolvimento sustentável do Brasil até 2014, incluindo
medidas de preservação do meio ambiente.
Para o ministro, em 2012 o Brasil terá um crescimento maior do que no ano
passado. A previsão de Mantega é que o País cresça no mínimo 4%, caso haja
uma piora do quadro econômico global, e no máximo 5% considerando a melhoria
da situação econômica dos Estados Unidos e dos países da União Europeia.
“O Brasil reúne condições para superar as dificuldades da economia mundial e
acelerar o crescimento em 2012 em relação a 2011. Nós almejamos alcançar
4,5% em 2012”, disse.
Para impulsionar a economia esse ano, o ministro citou que a prioridade
máxima do governo é dinamizar o investimento. “O ano de 2012 será de aumento
dos gastos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no Minha Casa
Minha Vida e na Copa do Mundo. O investimento é uma das variáveis chave para
que o Brasil mantenha crescimento equilibrado”.
Orçamento – Para garantir a execução das obras, esses programas não
sofrerão cortes no Orçamento de 2012. “Todos os ministérios envolvidos nas
obras do PAC e do Minha Casa Minha Vida terão reforço no Orçamento, como
Transportes, Cidades e Integração Regional”, disse o ministro. A Caixa
Econômica Federal também terá mais recursos para o Minha Casa Minha Vida 2.
Sem citar valores, Mantega afirmou que o contingenciamento de gastos em
2012, a ser anunciado em meados de fevereiro, será feito de modo a garantir
o cumprimento da meta cheia do superávit (R$ 140 bilhões), com manutenção da
política fiscal sólida. Ele confirmou, no entanto, que haverá cortes de
emendas parlamentares no Orçamento. “(O montante de) R$ 20 bilhões (em
emendas) não é viável. Uma parte vai ser contingenciada”.
“Eu acho engraçado os números (de corte) que aparecem na imprensa. Podem
desconsiderar todos. O contingenciamento será no valor necessário para
fazermos o superávit cheio”, repetiu Mantega a jornalistas.
“Vamos atrás do primário cheio com redução da dívida/PIB. Isso significa
manter o controle de gastos de custeio, reduzindo o consumo do governo. Isso
não quer dizer corte de investimento”, reforçou.
Mantega disse ainda que o governo continuará adotando medidas para
fortalecer o mercado interno, devido à boa demanda no varejo, mantendo a
geração de empregos em patamares elevados.
Além do mercado interno forte e sólido, o ministro citou a expansão do
crédito - com redução do custo financeiro- e a confiança da população como
condições fundamentais para manutenção do crescimento.
“A confiança é importante para realizar projetos econômicos e sociais. E o
Brasil é um dos países que mais goza da confiança da população. Ela está
disposta a consumir e fazer girar a roda da economia”.
O ministro elencou ainda algumas projetos que o governo considera
importantes para aprovação na pauta do Congresso Nacional esse ano, como a
Resolução 72, que trata da redução ICMS, e do Fundo de Previdência Completar
do Servidor Público Federal.
Gargalos - Sobre os desafios a serem enfrentados pelo País esse ano,
Mantega destacou dificuldades na área do comércio exterior. Ele avaliou que
o encolhimento da economia internacional, provocado pela crise da Europa e
EUA, prejudica principalmente o setor de manufaturados. Para reduzir os
impactos da crise na indústria brasileira, o ministro informou que o governo
continuará adotando medidas para impedir a valorização do câmbio.
“Vamos lutar contra a concorrência desleal e predatória, contra o
subfaturamento. Podemos adotar salvaguardas e aumentar o rigor da Receita
Federal”, declarou. A intenção do governo, segundo ele, é criar condições
para que a indústria melhore seu desempenho, chegando a um resultado
equivalente a 24% do PIB nos próximos anos.
Mantega comentou ainda sobre a mudança no comando da Petrobras. “Haverá uma
continuidade da estratégia que vinha sendo praticada na empresa, com uma
Petrobras presente, se viabilizando para a exploração da camada do pré-sal e
adaptando-se ao seu gigantismo e preservando a governança”, afirmou o
ministro sobre a troca da presidência da estatal.
José Sérgio Gabrielli deixou o cargo e Maria das Graças Foster, atual
diretora de Gás e Energia da Petrobras, assumirá a presidência. “Graça
Foster é uma excelente gestora e reúne condições técnicas para manter a
Petrobras centrada no desenvolvimento sustentável”, afirmou sobre a nova
titular.
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