O corregedor nacional de Justiça, ministro
Gilson Dipp, defendeu nesta quinta-feira (12/11), a estatização dos
cartórios judiciais no Paraná, pouco antes do início da audiência pública em
Curitiba (PR). "O Paraná talvez seja o estado com maior número de cartórios
judiciais privatizados. Sabemos que muitos cartorários são eficientes, mas
outros são praticamente donos de cartório ", disse o ministro, ao citar que
não há investimentos nas unidades, onde os funcionários são mal remunerados
e o atendimento é precário. " O ideal é que eles sejam estatizados",
destacou Gilson Dipp. O ministro classificou também como "muito grave " a
situação dos cartórios extrajudiciais no estado - muitos deles com titulares
não concursados - constatada pelo elevado número de processos em tramitação
no CNJ, relacionados a impugnações de permutas e remoções de cartorários.
O ministro elogiou a participação recordista dos cidadãos paranaenses no
atendimento individual prestado pela Corregedoria desde quarta-feira (11/11)
em Curitiba (PR). Mais de 300 atendimentos já haviam sido feitos antes do
início da audiência, recolhendo críticas e sugestões da população paranaense
em relação ao funcionamento da Justiça estadual. "Reflete uma politização
benéfica da população, que contribui para o aprimoramento do Judiciário",
afirmou. A morosidade, excesso de estrutura no Tribunal, em detrimento ao 1º
grau, e o pequeno número de varas cíveis e de família na capital são alguns
dos principais problemas já constatados pela inspeção no Judiciário do
Paraná, segundo o ministro.
O corregedor nacional destacou também que a morosidade não é exclusividade
da Justiça do Paraná, mas comum em todo o Brasil, e que pode ser combatida
com planejamento e gestão. Ele disse ainda que é preciso que os tribunais
assumam suas responsabilidades e que as corregedorias façam as correições
para garantir um Judiciário transparente e mais eficiente. "É preciso que
haja vontade política para fazer essas transformações que a população
brasileira está esperando de todos nós". O ministro acrescentou que o
Judiciário talvez seja um dos Poderes menos transparentes da República e que
esta "cultura de enclausuamento" deve ser mudada. "Temos que nos aproximar
do cidadão e uma das formas de fazê-lo é através da transparência e do
diálogo", concluiu.
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