SÃO PAULO - Evitar burocracias e mudança imediata podem ser grandes
atrativos para quem adquire um imóvel por meio de "contrato de gaveta". No
entanto, é bom ficar atento, porque o que parece ser um bom negócio pode
acabar causando transtornos.
"Contrato de gaveta" é aquele firmado entre o atual e o novo proprietário,
sem a participação da financiadora ou de registro judicial.
Na prática, o atual proprietário passa o financiamento para o novo
proprietário do imóvel, sem alterar os dados na financiadora. Com isso, o
novo proprietário quita o financiamento, que ainda está no nome do antigo
proprietário, para só depois ter o imóvel registrado em seu nome.
Riscos para quem vende e para quem compra
As vantagens do processo é que, a princípio, quem repassa o imóvel se desfaz
da dívida e quem o adquire acaba pagando um pouco menos por ele. No entanto,
o "contrato de gaveta" pode trazer mais riscos do que vantagens, para os
dois lados, de acordo com a Cadmesp (Consultoria de Financiamentos
Imobiliários).
Para quem vende, há o risco de o novo comprador não pagar as parcelas do
financiamento. Como o débito ainda está em seu nome, é preciso cuidado. Além
disso, o novo comprador pode repassar o imóvel, deixando o antigo sem a casa
e com a dívida.
Já quem adquire imóveis dessa forma pode correr ainda mais riscos. Isso
porque, segundo a Consultoria, há possibilidade de o vendedor agir de má-fé
e vender novamente o imóvel. Além disso, é possível que o antigo
proprietário "suma" quando você quitar o imóvel. Com isso, sem a assinatura
dele, você fica impedido de ter a posse legal do imóvel.
Além disso, caso o antigo proprietário tenha problemas com a justiça e o
imóvel seja penhorado, o novo dono fica sem o bem, já que perante a justiça
o imóvel continua sendo do antigo mutuário.
Outros problemas podem ocorrer, ainda que o vendedor não haja de má-fé. Um
exemplo é com relação ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), que
não poderá ser utilizado para quitar o financiamento, pois não há registro
do repasse da dívida.
As correções anuais das parcelas do financiamento podem se revelar outro
problema, pois elas são calculadas de acordo com o aumento salarial. Caso a
categoria profissional do proprietário original registre aumentos maiores do
que os da categoria do comprador, as prestações vão subir além da capacidade
de pagamento do novo proprietário. Outro problema é a morte do atual
mutuário.
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