Resultados
avalizam Plano Nacional pelo Registro Civil de Nascimento, iniciado em
2002. Estado de São Paulo alcança índice histórico de 1,8%, o segundo
menor do Brasil.
Caiu significativamente o número de crianças sem registro de nascimento no
Brasil. Este é o resultado da pesquisa nacional "Estatísticas do Registro
Civil", divulgada nesta terça-feira (05.12) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), que constatou uma redução quase cinco
pontos percentuais em relação aos números do ano passado, atingindo a
marca histórica de 11,5% de subnotificação, menor índice já registrado
desde o início do estudo, em 1994.
O mesmo estudo realizado no ano passado - com dados de 2004 -, já apontava
acentuada queda nos índices de crianças sem registro de nascimento, 16,4%,
número que se aproximava apenas ao de 1999, quando uma grande campanha
pelo registro civil de nascimento em nível nacional conseguiu um índice de
16,5%.
Os números divulgados hoje pelo IBGE referem-se aos dados fornecidos pelos
cartórios de Registro Civil de todo o País referentes aos atos de registro
praticados no ano de 2005, e são o primeiro grande resultado da campanha
nacional pelo registro civil de nascimento, iniciada em 2002, pela
Secretaria Especial de Direitos Humanos, em parceria com diversas
organizações e com as associações nacionais de cartórios.
"Este resultado é extremamente animador e gratificando e mostra que o
trabalho desenvolvido pelos cartórios e pelo Governo Federal é sério e vem
dando resultado. Nossa expectativa é que este índice chegue a casa de um
dígito no próximo ano, quando colheremos os dados de 2006, e continue a
cair gradativamente nos anos futuros", avalia o presidente da Associação
Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), José
Emygdio de Carvalho Filho.
No Estado de São Paulo, o índice de sub-registro caiu ainda mais e chegou
ao patamar de 1,8%, o segundo menor do País, só atrás do Distrito Federal,
cujo número de registros superou a estimativa do IBGE realizada de acordo
com a PNAD, alcançando um patamar de -1,85. Campanhas focais como o
registro civil itinerante, registro nas maternidades e ações de
reconhecimento de paternidade surtiram efeito no Estado de São Paulo e
devem ainda repercutir para o ano de 2006, na divulgação do próximo ano.
"O trabalho, a capacidade e a dedicação dos Oficiais de Registro Civil do
Estado de São Paulo foram mais uma vez reconhecidos. O índice de
sub-registro em nosso estado que já era metade do Registro nos Estados
Unidos caiu ainda mais e chegou a 1,8%, número que ressalta iniciativas
pioneiras como o cartório itinerante, as mobilizações e campanhas sociais
que a Arpen-SP vem estimulando junto aos cartórios", ressaltou o
presidente da Arpen-SP, Antônio Guedes Netto.
Presente à divulgação oficial realizada pelo IBGE na sede do instituto no
Rio de Janeiro, e acompanhado pelo presidente da Associação dos
Registradores de Pessoas Naturais do Rio de Janeiro, Daniel Nilson
Ribeiro, o presidente da Arpen-Brasil concedeu entrevistas aos principais
órgãos de imprensa do País, que estiveram acompanhando a divulgação anual
e comemorou outro fato importante da pesquisa: a estimativa de cobertura
dos registros de nascimentos passou de 80,6% em 2000 para 88,5% em 2005.
Segundo o IBGE os fatores que contribuem para o sub-registro são de
diversas ordens: socioeconômicas, socioculturais e de dificuldades de
acesso aos cartórios em determinadas regiões, seja pelas grandes
distâncias a serem percorridas, seja por características da paisagem. Há
ainda aspectos político-institucionais, como a ausência de cartórios em
cerca de 400 municípios.
Para José Emygdio de Carvalho Filho, no caso de cidades onde não há
cartório, a melhor estratégia é fazer um serviço itinerante de registro.
"Não adianta instalar um cartório em municípios onde ele não terá
sustentabilidade e não prestará um bom serviço", explica. "Só é possível
pensar nesta possibilidade na medida em que se constituir um mecanismo de
sustentabilidade para os cartórios de Registro Civil em todos os Estados
brasileiros", concluiu.
Opinião semelhante foi exposta pelo chefe de projetos estatísticos do
IBGE, Cláudio Dutra Crespo, que ratificou a necessidade de se criar
sustentabilidade ao Registro Civil. "A gratuidade do registro em um País
como o nosso é essencial, mas trouxe sérios problemas à viabilidade dos
cartórios em algumas regiões, principalmente nas mais pobres. Por isso,
para a maior eficácia da cobertura ainda é necessário fortalecer o sistema
de registro, por meio da sustentabilidade dos cartórios", finalizou.
O registro de nascimento é obrigatório e gratuito. Além disso é
imprescindível para que a pessoa possa provar a nacionalidade brasileira,
filiação e idade. Enquanto não é realizado, o recém-nascido não pode ser
atendido para vacinação ou ser matriculado em creche ou escola. Além
disso, sem registro de nascimento não se pode tirar cédula de identidade
(RG), título de eleitor, carteira de trabalho ou certificado de
reservista. Ou seja, quem não é registrado não pode tirar nenhum
documento.
É importante lembrar também que o cadastro nos programas sociais
instituídos pelo Governo Federal depende da apresentação de documentos de
identificação, entre eles o registro de nascimento. Por isso tudo o
registro de nascimento é incluído na Constituição como um dos documentos
indispensáveis à realização da plena cidadania.